terça-feira, 28 de março de 2017

[Exclusivo] Entrevista com Kevin C. Neece, autor de "O Evangelho Segundo Star Trek"


Kevin C. Neece
O autor e palestrante Kevin C. Neece é o criador do ambicioso projeto "The Gospel According to Star Trek" [O Evangelho Segundo Star Trek, em tradução livre], no qual pretende, em uma série de cinco livros, analisar as interlocuções entre Jornada nas Estrelas e o cristianismo. O primeiro livro, The Gospel According to Star Trek: The Original Crew, já foi publicado, e investiga estas interações na série original, na série animada, nos filmes com o elenco original e nos filmes da Kelvin timeline, incluindo Star Trek Beyond. O volume 2, dedicado à Nova Geração, deverá ser publicado ainda em 2017 ou no começo de 2018. Neece possui um blog onde escreve regularmente sobre estes temas. E no seu website, ao inscrever-se para receber sua newsletter, você ganhará gratuitamente uma cópia em pdf dos cinco primeiros capítulos do livro, que discutem a visão de mundo de Gene Roddenberry. Recomendamos! Afinal, se trata de uma abordagem bastante peculiar de Star Trek, que certamente deverá interessar aos fãs.

Confira a entrevista que o blog fez com o autor.

Para muitos fãs, Star Trek nos mostra um futuro onde a humanidade teria superado a necessidade de uma religião.  Qual a relação que você estabelece entre Star Trek e o cristianismo?

No futuro de Star Trek, a religião em grande parte caiu em desgraça na Terra, mas isso não quer dizer que não existe. Há algumas referências à religião humana, especialmente na série original, que ocasionalmente menciona que os seres humanos possuem "muitas crenças" de natureza espiritual ou religiosa. Naturalmente, existem também muitas religiões alienígenas - tanto as que são benéficas e respeitadas como as que são dominadoras e injustas. Uma vez que os aliens representam diferentes tipos de seres humanos em Star Trek, parece razoável concluir que Star Trek pode, através de culturas alienígenas, ilustrar os aspectos positivos e negativos da religião humana.

As conexões que vejo entre Star Trek e minha própria cosmovisão cristã têm em grande parte a ver com a paridade filosófica entre os dois. A maioria dos cristãos vê o humanismo de Star Trek e assume que ele deve ser anti-cristão. Embora seja verdade que Gene Roddenberry rejeitou sua formação cristã, foi a igreja de sua família que forneceu boa parte de sua formação moral, e o humanismo de Star Trek pode nos ajudar a ver a imagem de Deus na qual fomos criados e nos esforçamos para nos envolvermos mais com nossa própria humanidade.

Em Star Trek, as três grandes religiões monoteístas parecem não ter mais seguidores. Como é a fé dos personagens no futuro mostrado pela série?

Há muito pouca discussão sobre as associações religiosas de qualquer personagem humano de Star Trek, embora haja lampejos aqui e ali de influências cristãs ou judaicas. Um membro da tripulação da série original, em um episódio em particular, usa um bindi, possivelmente indicando que ela é hindu. Acho que a atitude de Star Trek em relação à religião em geral é melhor refletida nas palavras do capitão Jonathan Archer em um episódio de Enterprise: "Eu tento manter uma mente aberta".

Curiosamente, Spock, o mais popular (e alguns diriam mais central) personagem de Star Trek, também é um dos seus personagens mais religiosos. Sua devoção à Lógica é, verdadeiramente, uma disciplina espiritual que envolve meditação e ritual. A cultura vulcana tem (e parece ser governada por) uma classe sacerdotal e Spock é, em muitos aspectos, modelado conforme monges. Ele também é o único personagem central que parece ter definitivamente uma alma, como seu katra, ao qual seu pai se refere como seu "espírito vivo", devendo ser devolvido ao seu corpo em Star Trek III. Outros personagens como Kira, Chakotay e Worf têm crenças religiosas claras, enquanto Data prossegue sua própria jornada espiritual enquanto se desenvolve, referindo-se uma vez a ter tido uma "crise do espírito". Há muitos outros exemplos de personagens, sejam eles expressamente religiosos ou não, tendo crenças e práticas espirituais.

O Emissário: figura de Cristo

A série DS9 parece ser a que tem o tema religião mais presente, quase como aspecto central, por tratar da fé dos bajorianos e do Templo Celestial. Que diferenças e semelhanças você aponta entre o culto aos profetas e as religiões atuais, em especial o cristianismo?

A religião bajoriana é interessante porque é politeísta, tendo, nesse sentido, mais em comum com o hinduísmo que o cristianismo. Sua diáspora e a ocupação cardassiana também refletem a história judaica. Suas estruturas religiosas, por outro lado, são semelhantes à Igreja Católica e suas divisões internas me recordam a divisão Católica/Protestante. Onde mais se reflete o cristianismo, porém, está em seu Emissário, Benjamin Sisko, que se torna uma figura de Cristo muito intencional ao longo da série.

Isto não se destina, é claro, a pregar o evangelho, mas como as outras figuras não intencionais de Cristo em Star Trek (Spock e Data, mais notavelmente), a jornada de Sisko contém muitos paralelos com a cristologia e é surpreendentemente rica nesse aspecto. Eu estarei cobrindo isso em meu próximo livro sobre DS9, mas por enquanto seus leitores podem encontrar uma breve análise no meu arquivo de blog (http://www.kevincneece.com/benjamin-sisko-as-a-christ-figure.html).

Star Trek V é um filme muito criticado, embora seja um dos meus favoritos. Nele o tema da busca por Deus é um dos principais argumentos. Como você analisa esta história a partir de uma perspectiva cristã?

É estranho para mim que os seres humanos no filme identificam o planeta da entidade divina como "Éden", uma vez que o Éden era um lugar na Terra. É igualmente estranho para mim que qualquer um que acreditaria no Éden acreditaria que poderia encontrar Deus em um planeta, já que Deus nunca poderia ser tão contido. Concedido isto, as viagens para fora em Star Trek são frequentemente metáforas para viagens internas. Assim, poderíamos simplesmente olhar para ele de forma menos literal como uma jornada de fé.

No meu capítulo sobre Star Trek V no livro "Original Crew", eu me concentro principalmente na conversa que acontece no planeta entre Sybok, Kirk, Spock, McCoy e a entidade. Em particular, discuto como, cada vez que eles falam com a entidade, eles a avaliam contra um aspecto de Deus. Ele não deveria ser onisciente? Não deveria ser todo-poderoso? Não deveria ser amoroso? Cada vez que a entidade não corresponde, pode-se inferir que Deus, para ser Deus, deve satisfazer essas exigências. Assim, longe de uma declaração ateísta, o filme (como a série) envolve uma importante prática cristã chamada iconoclastia, a destruição de um deus falso. O Deus alternativo, que Kirk localiza no "coração humano", satisfaz essas exigências e é revelado nas Escrituras.

O falso deus de Star Trek V

Conheça mais sobre o trabalho de Kevin em seu website: http://kevincneece.com

[Exclusive] Interview with Kevin C. Neece, Author of "The Gospel According to Star Trek"

Kevin C. Neece
Author and speaker Kevin C. Neece is the creator of the ambitious project "The Gospel According to Star Trek", in which he intends, in a series of five books, to analyze the interlocutions between Star Trek and Christianity.

The first book, The Gospel According to Star Trek: The Original Crew, has already been published, and investigates these interactions in the Original Series, the Animated Series, and the original crew films, up to and including Star Trek Beyond. Volume 2, dedicated to the New Generation, is due to be published in late 2017 or early 2018.

Neece owns a blog where he writes regularly on these topics. And on his website, when you sign up to receive his newsletter, you will receive a free pdf of the first few chapters of the book, which discuss the worldview of Gene Roddenberry. We recommend! After all, this is a rather peculiar approach to Star Trek, which should certainly interest fans. 

Check out the interview. 

For many fans, Star Trek shows us a future where humanity would have overcome the need for a religion. What relationship do you establish between Star Trek and Christianity?

In Star Trek's future, religion has largely fallen out of favor on Earth, but that's not to say it doesn't exist. There are some references to human religion, especially in the Original Series, which occasionally mentions that humans hold "many beliefs" of a spiritual or religious nature. Of course, there are also many alien religions--both those that are beneficial and respected and those that are domineering and unjust. Since aliens stand in for different types of humans in Star Trek, it seems reasonable to conclude that Star Trek can, through alien cultures, illustrate both positive and negative aspects of human religion.

The connections I see between Star Trek and my own Christian worldview have largely to do with the philosophical parity between the two. Most Christians see Star Trek's humanism and assume it must be anti-Christian. While it's true that Gene Roddenberry rejected his Christian background, it was his family's church that provided much of his moral formation and the humanism of Star Trek can help us see the image of God in which we are created and strive to be more fully engaged with our own humanity.


In Star Trek, the three great monotheistic religions seem to have no followers. How is the faith of the characters in the future shown by the series?

There is very little discussion of the religious associations of any human Star Trek characters, though there are glimmers here and there of Christian or Jewish influences. One Original Series crew member in a particular episode even wears a bindi, possibly indicating that she is Hindu. I think Star Trek's attitude toward religion overall is best reflected in Captain Jonathan Archer's words in an episode of Enterprise, "I try to keep an open mind."

Interestingly, Star Trek's most popular (and some would say most central) character, Spock, is also one of its most religious. His devotion to Logic is truly a spiritual discipline that involves meditation and ritual. Vulcan culture has (and would seem to be ruled by) a priestly class and Spock is, in many ways, modeled after monks. He is also the only core character who seems to definitely have a soul, as his katra, to which his father refers as his "living spirit," must be returned to his body in Star Trek III. Other characters like Kira, Chakotay, and Worf have clear religious beliefs, while Data goes on his own spiritual journey as he develops, referring once to having had a "crisis of the spirit." There are many other examples of characters, whether they are expressly religious or not, having spiritual beliefs and practices.

The Emissary: Christ figure

The DS9 series seems to be the one that has the theme religion more present, almost like central aspect, to treat of the faith of the Bajorians and of the Celestial Temple. What differences and similarities do you point between the worship of Prophets and today's religions, especially Christianity?

The Bajoran religion is interesting in that it is polytheistic, having in that sense more in common with Hinduism that Christianity. Its diaspora and the Cardassian occupation also reflect Jewish history. Its religious structures, on the other hand, are similar to the Catholic church and its internal divisions recall for me Catholic/Protestant divide. Where it most reflects Christianity, though, is in its Emissary, Benjamin Sisko, who becomes a very intentional Christ figure over the course of the series. 

This is not intended, of course, to preach the gospel, but like the other unintentional Christ figures in Star Trek (Spock and Data, most notably), Sisko's journey contains many parallels with Christology and is surprisingly rich in that regard. I'll be covering this in my forthcoming book on DS9, but for now your readers can find a brief analysis on my blog archive (http://www.kevincneece.com/benjamin-sisko-as-a-christ-figure.html). 


Star Trek V is a highly criticized movie, although it is one of my favorites. In it the theme of the search for God is one of the main arguments. How do you analyze that story from a Christian perspective?

It's odd to me that humans in the film identify the god entity's planet as "Eden," since Eden was a place on Earth. It's equally odd to me than anyone who would believe in Eden would believe they could find God on a planet, since God could never be so contained. Granted, the outward journeys in Star Trek are often metaphors for inward journeys. So we could simply look at it less literally as a journey of faith.

In my chapter on Star Trek V in the Original Crew book, I primarily focus on the conversation that takes place on the planet between Sybok, Kirk, Spock, McCoy, and the entity. In particular, I discuss how each time they speak to the entity, they evaluate it against an aspect of God. Shouldn't he be all-knowing? Shouldn't he be all-powerful? Shouldn't he be loving? Each time the entity doesn't measure up, it can be inferred that God, to be God, must meet those requirements. So, far from an atheistic statement, the film (like the series) engages in an important Christian practice called iconoclasm, the tearing down of a false god. The alternative God, which Kirk locates in "the human heart," does meet those requirements and is revealed in Scripture.

A false god in Star Trek V

You can find out more about The Gospel According to Star Trek and book Kevin to speak on his website, http://kevincneece.com


domingo, 26 de março de 2017

Relembrando Leonard Nimoy no dia em que completaria 86 anos

Nimoy, imortalizado por Spock
Leonard Nimoy faleceu em fevereiro de 2015, vitimado por uma doença pulmonar. O mundo perdia o talento e a sensibilidade de um homem fascinante. Hoje, 26 de março de 2017, Nimoy completaria 86 anos. Para marcar a data, o blog relembra a trajetória do artista que deu vida a Spock, um dos personagens mais queridos por trekkers de todas as idades.

Casado por duas vezes, tendo dois filhos, Nimoy nasceu em Boston, no ano de 1931, no seio de uma família judaica de imigrantes ucranianos, e desde jovem demonstrou sua vocação para as artes, iniciando sua carreira no cinema em um filme de 1951 chamado "Queen of day", creditado como "Leonard Nemoy"

Daí em diante fez uma série de participações pequenas em muitas produções. Devido ao seu semblante exótico, muitos papéis étnicos lhe foram reservados: latino, nativo americano, italiano, foram alguns dos tipos encarnados por Nimoy no início de sua carreira. Como uma espécie de antecipação daquilo que estava por vir, em 1952 interpretou um alienígena no filme "Zombies of Stratosphere".

Foi como um russo, em um episódio da série The man from UNCLE, que contracenou pela primeira vez, em 1964, com o futuro colega de Jornada, William Shatner, do qual viria se tornar um grande amigo, sendo padrinho de seu casamento. Uma amizade que durou quase cinquenta anos, descrita por Shatner de forma tocante: "Até Leonard eu nunca soube realmente o que era ter um amigo", diz o velho capitão Kirk.

"Nemoy" em seu primeiro filme
Mas foi mesmo em Star Trek que Nimoy se imortalizou ao encarnar um dos personagens mais icônicos de todos os tempos: um alien de orelhas pontudas e seguidor da lógica chamado Spock. Nimoy, que era filho de um barbeiro, sempre contava que durante a década de 60, com o grande sucesso do personagem, o corte de cabelo mais pedido na barbearia do pai era o mesmo usado pelo vulcano.

Sem dúvida, Spock é o personagem mais popular de Star Trek até hoje. As orelhas, as sobrancelhas arqueadas, as expressões "fascinante" e "vida longa e próspera", o mind meld, o toque vulcano, e o gesto com as mãos para a saudação vulcana, aliados à interpretação precisa de Nimoy, transformaram o personagem num dos grandes ícones pop do século 20 e além. 

Spock não foi o primeiro alien que Nimoy interpretou
Sobre o gesto com as mãos para desejar "vida longa e próspera", Nimoy contava que sua origem estava no judaísmo, significando a letra hebraica Shin, que remete a Deus Todo Poderoso (El-Shaddai). Certa vez, quando pequeno, estava na sinagoga com seu pai, e num momento em que todos deveriam ficar com a cabeça abaixada, o pequeno Leonard ergueu os olhos curiosos e vislumbrou o rabino realizando aquele gesto enigmático. A imagem nunca mais saiu de sua cabeça, fazendo com que incorporasse, muitos anos depois, o gesto a seu personagem.

Ficou tão associado ao personagem que passou por crises, chegando a escrever um livro com o título de "Eu não sou Spock". Porém, mais tarde percebeu que estar tão intimamente ligado a Spock não era necessariamente uma coisa ruim e afirmou que se tivesse que escolher uma outra pessoa para ser o escolhido seria o vulcano.

Homem de múltiplos talentos
Afinal, foram Spock e Star Trek que proporcionaram a Nimoy ter uma carreira longa e próspera em meio às artes. Após o término do seriado na década de 60 e com os filmes derivados, nos anos 70, 80 e 90, Leonard transformou-se em diretor também. Além de dirigir dois filmes da franquia (Star Trek III e IV), Nimoy dirigiu outros filmes, inclusive um dos maiores sucessos da década de 80, o filme Três Solteirões e um Bebê. Além disso, ter encarnado Spock nunca o impediu de atuar como outros personagens em diversos filmes e séries ao longo de toda sua carreira.

Sendo um homem de rara sensibilidade, caracterizado por todos que o conheceram como doce e afável, Nimoy também se dedicou à poesia e à fotografia. Seus trabalhos nessas áreas são reconhecidamente de qualidade, agradando público e crítica, não pelo fato de serem obras do célebre Leonard Nimoy, mas por possuírem profundidade e excepcional valor estético.

Fotografia de "Shekhina", série fotográfica de Leonard Nimoy
É por essas e outras inumeráveis razões que Nimoy merece todas as homenagens e tributos quando na data de seu aniversário.

Recentemente, um grande tributo, em forma de filme, foi feito para homenagear Nimoy e Spock. Dirigido por seu filho, Adam Nimoy, o documentário For the Love of Spock é, talvez, a maior obra já feita para afirmar o amor que os fãs sentem por Nimoy e seu personagem inesquecível.

Leonard Nimoy foi um homem que viveu longamente e prosperou naquilo que amava fazer. Inspirou gerações e continua inspirando todos que sonham com um futuro melhor para a humanidade.

Trekkers, ou não, sentimos sua falta Leonard, e reverenciamos sua memória, que é imortal. Afinal, é como diz McCoy sobre Spock no final de Star Trek II: "He's not really dead, as long as we remember him".





sábado, 25 de março de 2017

Primeira foto do elenco de Star Trek: Discovery



Com informações de treknews.net

O elenco de Star Trek: Discovery foi fotografado recentemente em Toronto, durante um jantar em comemoração ao aniversário do ator James Frain, que fará Sarek na série.

A foto do elenco principal de Discovery foi compartilhada no Instagram por Chris Obi (o klingon T'Kuvma, que deverá aparecer em dois dos 13 episódios previstos para a primeira temporada), e mostra, além dele e do aniversariante, os atores Jason Isaacs (Capitão Lorca), Michelle Yeoh (Capitã Georgiou), Sonequa Martin-Green (Tenente Comandante Rainsford), o marido dela Kenric, Doug Jones (Tenente Saru) e Shazad Latif (o klingon Kol). 

Elenco comemorou o aniversário de James Frain


No Brasil, Discovery será exibida pela Netflix, devendo estrear em setembro deste ano. 

sexta-feira, 24 de março de 2017

Rapp está "honrado" por interpretar personagem gay em Discovery

Com informações de trekcore.com


Anthony Rapp será o Lt. Stamets

O ator Anthony Rapp, escalado para interpretar o Tenente Stamets (um especialista em fungos espaciais) em Star Trek: Discovery, falou nesta semana sobre suas impressões acerca do fato de que irá interpretar um dos primeiros personagens gays regulares no universo de Star Trek.

Rapp falou sobre suas expectativas em relação a Discovery:

"Posso dizer que estou na série, e que estou realmente animado com isso. Eu não estou autorizado a revelar quase nada e nem sei se posso dizer isso, mas estou muito animado!"

O ator, que é homossexual, confirmou ainda o fato de seu personagem ser abertamente gay:

"Sim. Qualquer coisa que tenha sido relatado na imprensa e oficialmente confirmada pela CBS posso dizer. Estou honrado. Também me sinto honrado em fazer parte do panteão cultural. É meio louco que eu consiga fazer parte de algo que significa tanto para tantas pessoas. Estou emocionado e me sinto honrado em ser o veículo para este aspecto da história que está sendo contada."

Stamets não será o primeiro personagem homossexual da história de Star Trek, sendo precedido pela versão de Sulu no reboot, além dos temas LGBTs já abordados em episódios como The Outcast (TNG) e Rejoined (DS9). No entanto, a decisão por parte dos produtores em incluir um personagem gay na nova incursão de Star Trek na TV se torna ainda mais relevante nos dias atuais, onde a luta pelo reconhecimento dos direitos LGBTs está longe de conseguir um status de igualdade entre as pessoas. Representatividade importa, e muito. 

sexta-feira, 10 de março de 2017

A autobiografia de Jean-Luc Picard

Com informações de startrek.com


David A. Goodman, que já escreveu a autobiografia do capitão Kirk (James T. Kirk: The Story of Starfleet's Greatest Captain), o livro "Federation: The First 150 Years", o antológico episódio "Where No Fan Has Gone Before", de Futurama e também atuou como produtor da segunda temporada de Enterprise, voltará às prateleiras das livrarias ainda neste ano, com "The Autobiography of Jean-Luc Picard: The Story of One of Starfleet's Most Inspirational Captains".

O livro contará a história de um dos nomes mais célebres na história da Frota Estelar, destacando momentos-chave da trajetória de Jean-Luc: cortes marciais, amores não correspondidos, sua captura e tortura pelos cardassianos, sua assimilação pelos borgs e muitas outros encontros e acontecimentos que servem de testemunho para uma vida incrível.

Nos 30 anos de TNG, esta é uma grande notícia para todos os fãs de Star Trek. Esperamos que as editoras brasileiras atentem rapidamente para esta obra e a publiquem no Brasil ainda em 2017, de forma a celebrar o aniversário da Nova Geração. 



domingo, 5 de março de 2017

O roteiro original de Cidade à Beira da Eternidade

Meses depois de receber a HQ com o roteiro original de Harlan Ellison para Cidade à Beira da Eternidade, publicada no Brasil pela Mythos, finalmente pude ler a obra. 

Com arte de J. K. Woodward e adaptação dos irmãos Scott e David Tipton, a publicação traz, pela primeira vez, a ideia original para o episódio, que foi ao ar há quase 50 anos, em  6 de abril de 1967.

De acordo com o senso comum, o roteiro foi adaptado por não existirem, naquela época, condições tecnológicas que permitissem sua filmagem. Contudo, segundo o autor, este não foi o motivo real, não havendo qualquer outra explicação que dê conta sobre os motivos que levaram os produtores de TOS a optarem por mudanças significativas na história escrita por Ellison.

Como todos sabem, a história do episódio que frequentemente encabeça as listas de melhores histórias já contadas por Jornada nas Estrelas, mostra que a volta acidental do Dr. McCoy no tempo - mais precisamente à década de 1930, nos EUA - causa um tremendo estrago na história, fazendo com que a Enterprise deixe de existir, por exemplo. Para tentar resolver a situação, Kirk e Spock atravessam o portal do tempo, conhecido como "Guardião da Eternidade",  na tentativa de evitar a interferência causada por McCoy no continuum temporal.

ATENÇÃO: SPOILERS DA HQ A PARTIR DE AGORA

As diferenças do roteiro que de fato foi filmado em relação ao original mostrado por esta HQ já começam a partir daí. McCoy, por exemplo, nem sequer aparece na história (aparece em dois quadros, sem falas). Quem volta no tempo é um oficial chamado Beckwith, um ambicioso e amoral traficante de drogas, que sonha em enriquecer e deixar a vida no espaço. Após ser quase denunciado por um cliente de suas drogas (também tripulante da Enterprise), Beckwith acaba por assassiná-lo, e em sua fuga alucinada da nave chega a um planeta que contém, nas palavras de Kirk, uma "cidade à beira da eternidade". Nesta, encontram-se os guardiões da eternidade, que, diferentemente do episódio com o qual estamos habituados, onde vemos apenas o portal, são figuras humanoides, com aspecto de idade muito avançada e que aparecem em uma espécie de projeção.

Kirk tendo ao fundos Guardiões da Eternidade

Beckwih ao atravessar o portal, provoca a mudança em toda história, fazendo com que o universo que Kirk e sua tripulação conheciam deixasse de existir. Ao contrário do episódio, nossos bravos tripulantes conseguem retornar à nave, contudo, esta não é mais a Enterprise, mas uma nave de renegados chamada Condor. Após uma luta com os bandidos que comandam a nave, nossos herois conseguem se trancafiar na sala de transporte. A ordenança Rand, fica como responsável por manter os inimigos longe, enquanto Kirk e Spock retornam ao planeta para entrarem no portal atrás de Beckwith.

Ao chegaram na Terra da década de 30, desta vez são recepcionados por uma turba xenófoba e intolerante, que confunde Spock com um chinês. Ao se refugiarem em um porão, não são descobertos por Edith Keeler, como acontece no episódio, mas sim por um faxineiro gente boa, que lhes oferece emprego. 

Intolerância em contexto de crise econômica

Após vários dias à espera de Beckwith, encontram por fim Edith Keeler, que apresenta algumas pequenas diferenças da personagem que vimos na tela. Por exemplo, a missão conduzida por Keeler desta vez não é mostrada, mas apenas seu trabalho nas ruas, falando e ajudando os mais pobres, em pleno contexto da depressão econômica. Da mesma forma que no episódio, Keeler e Kirk se apaixonam, iniciando um romance. A partir disso Kirk se enche de dúvidas sobre deixar Keeler morreu, sendo chamado à razão por Spock. 

Por fim, Spock e Kirk encontram Beckwith, com a ajuda de um paralítico que vendia maçãs na rua, e que afirmava ter lutado em Verdun, na Primeira Guerra Mundial. Após receber dois dólares de Kirk, para colaborar na busca à Beckwith, acaba se sacrificando, ao ficar na frente do disparo do fêiser de Beckwith quando este tenta matar Kirk. Quando Keeler, como no episódio, vai atravessar a rua, o maléfico Beckwith tem um arroubo de santidade e tenta salvá-la da morte por atropelamento, sendo contido por Spock. O que à primeira vista parece uma solução estranha do roteiro, ao colocar Beckwith como uma pessoa capaz de sentir empatia e tentar salvar Keeler, o autor na verdade tenta fazer uma discussão sobre a complexidade do ser humano, que pode conter diversas facetas. 

Kirk e Spock então são instantaneamente transportados de volta para o planeta dos Guardiões, onde Beckwith mais uma vez consegue escapar e voltar ao portal, contudo desta vez ficando em um loop temporal no interior de uma supernova, sofrendo eternamente uma morte dolorosa. 

Os pontos fortes do roteiro original de Ellison sobre o roteiro que de fato foi filmado residem, por um lado, na abordagem do problema do uso de drogas. Somos apresentados a uma realidade destoante da utopia imaginada por Gene Roddenberry, onde tripulantes cansados da dura jornada pelo espaço recorrem ao uso de substâncias ilícitas. Por outro lado, Ellison coloca a discussão, tão atual, sobre a intolerância em relação a estrangeiros. Portanto, crítica social a qual Jornada sempre foi muito afeita. Nesse sentido, podemos dizer que o roteiro filmado perdeu em alguns aspectos. No entanto, ganhou em outros. A decisão em se contar a história com o personagem McCoy fez com que o episódio se tornasse muito mais interessante, de um lado, devido a grande atuação de DeForest Kelley, por outro ao tornar tudo mais crível, devido aos laços de amizade do trio. De qualquer forma, se eu pudesse dar um veredicto, este seria favorável ao roteiro filmado, pois em minha visão ele foi aprimorado em relação ao original, cortando elementos de certa forma estranhos a Star Trek e incluindo outros mais sintonizados com a franquia. Contudo, vale muito a pena a leitura desta HQ, sobretudo por proporcionar uma visão diferente daquela que temos a respeito de um dos episódios mais icônicos de toda a franquia.

Spock, não estou te reconhecendo.
Esqueceste da Relatividade?