quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Os 25 anos de "The Best of Both Worlds": resistir continua sendo inútil

por Edoo Trekker


Há exatos 25 anos, em 24/09/1990, ia ao ar a segunda parte do episódio "The Best of Both Worlds". A primeira metade, deste que é um dos mais conhecidos episódios de TNG, havia sido exibida pouco mais de três meses antes, em 18/06/1990. A produção de episódios em duas partes se tornou uma tradição em TNG a partir de "The Best of Both Worlds", que representou o último episódio da 3ª temporada e o primeiro da 4ª. Com isso foi iniciada uma tradição, até o término da série, com os episódios Redemption, Time's arrow e Descent, também divididos em duas partes entre o fim de uma temporada e o início da seguinte. Sem dúvida uma estratégia para manter a audiência cativa, gerando grande expectativa nos fãs pela conclusão da história. Por sinal, a frase "...and now, the conclusion" na recapitulação do episódio anterior no início das segundas partes é um clássico de Star TreK TNG. “The Best of Both Worlds” foi escrito por Michael Piller e dirigido por Cliff Bole.

A primeira parte

A Enterprise chega a Journet IV, respondendo a um pedido de socorro da colônia “New Providence”  da Federação. O grupo avançado, ao descer ao planeta, descobre que a colônia desapareceu, não havendo sinal dos seus 900 habitantes. Há a desconfiança de que os responsáveis pela destruição da colônia tenham sido os Borgs. Por fim, a Enterprise encontra um cubo Borg e é exigido que o capitão Picard suba a bordo. Com a recusa deste e Enterprise é atacada, resultando na morte de mais de 10 oficiais. 

Logo, Picard e seus oficiais percebem que atacar a nave Borg é praticamente impossível, devido a grande capacidade de adaptação de suas defesas a qualquer armamento. Picard leva a Enterprise até a nebulosa de Paulson, a fim de dificultar a localização da nave por parte dos Borgs. Uma invasão Borg é iminente e Picard procura Guinan no “Ten Forward”, admitindo que se trata de mais um capítulo importante da história da humanidade prestes a acontecer, crendo poder ser este o fim da civilização humana. Guinan procurar reconfortar o capitão lhe revelando que quando os Borgs destruíram seu mundo eles e sua cultura ainda sim sobreviveram. No entanto, os Borgs conseguem invadir a Enterprise, sequestrando Picard, sem que Worf e Riker possam evitar. Em seguida o cubo Borg vai em direção ao setor 001: Terran System. Picard surge - assimilado - como “Locutus of  Borg”, a face a voz do coletivo. Resistir é inútil.





A segunda parte (aniversariante do dia, 25 anos de sua primeira exibição!)

Mesmo com Picard a bordo da nave Borg, Riker ordena fogo, contudo sem causar o menor dano. Riker surpreende-se com a rapidez de adaptação dos Borgs. A resposta agora está em Picard, assimilado justamente devido ao seu conhecimento dos sistemas de defesa da Federação, de forma a garantir vantagem tática aos planos dos Borgs de assimilarem a Terra. No comando da Enterprise, Riker nomeia a comandante Shelby como sua primeira-oficial, devido aos conhecimentos desta a respeito dos Borgs. No sistema de Wolf 359 a Enterprise encontra diversas naves da Federação destruídas pelos Borgs, que rumam em direção à Terra. Esta batalha não é exibida no episódio, sendo retratada somente no episódio piloto de Deep Space Nine. Em seguida, Worf e Data, a bordo de uma nave-auxiliar, conseguem resgatar o capitão Picard, que agora precisará passar pelo processo reverso de desassimilação. Ao mesmo tempo, Data estabelece uma conexão com o coletivo Borg, através de Picard, e acessa seus sinais subespaciais, descobrindo que a consciência coletiva dos Borgs é subdividida em subcomandos necessários para manter todas suas funções: defesas, comunicação, navegação. Assim, ao estabeceler contato com a consciência de Picard, descobre-se o calcanhar de Aquiles dos Borgs: sua interdependência, o fato de operarem como uma mente única. Picard tem um lampejo de consciência e sugere um curso de ação. Data consegue então implantar um comando, a partir de Picard, na consciência do coletivo Borg, os enganando e os fazendo entrar em posição de inatividade. Em outras palavras: Data os colocou para dormir! A Terra fora salva dos Borgs. Por enquanto.





...and now, the conclusion!

"The Best of Both Worlds" é um símbolo poderoso de como TNG passara a andar com as próprias pernas, desvinculando-se finalmente da série original e seguindo seu próprio rumo. Até então Gene Roddenberry buscava ardentemente a recriação de TOS - traduzida na diretriz estabelecida por ele de que os roteiristas não poderiam produzir histórias que contivessem conflitos entre os personagens principais, dentre outros aspectos não menos prejudiciais, como a lamentável Dr. Pulaski, uma farsa criada à imagem e semelhança do Dr. McCoy. Por fim, neste episódio duplo, os Borgs - intrigantes vilões introduzidos por TNG - mostram todo seu potencial de ameaça à Federação e à humanidade, ao "assimilarem" o capitão Picard.



Publicado originalmente em: http://star-trek-brasil.webnode.com/news/os-25-anos-de-the-best-of-both-worlds-resistir-continua-sendo-inutil/

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Enterprise-D: Construction Project: Uma Enterprise pra chamar de sua

por Edoo Trekker

O Enterprise-D: Construction Project  é uma iniciativa sem precedentes na história de Jornada nas Estrelas. O projeto consiste na construção, em sua totalidade, da nave USS Enteprise NCC-1701-D (portanto a Enterprise de A Nova Geração) no plano virtual, de forma que isto funcione como um museu, permitindo aos trekkers a exploração de cada centímetro da nave. Cada sala, cada deck poderão ser visitados virtualmente, havendo planos, por parte do criador do projeto, de que a plataforma também possa ser utilizada para jogos online.

Nesta semana, Jason B, criador e única pessoa a trabalhar na realização do projeto, publicou um vídeo onde acontece uma tour de 12 minutos, que tem seu início a partir da nave-auxiliar Galileo voltando à Enterprise, seguindo então pelo Deck 4 (Cargo Bay) até chegar à Ponte no Deck 1. Abaixo, fiz uma seleção comentada de grandes momentos do vídeo.

Galileo retorna à Enteprise

Tudo começa com a nave auxiliar Galileo retornando de missão exploratória em meio a um cinturão de asteróides. Há uma estrela muito próxima, e quando Galileo retorna à nave percebemos que a Enterprise está em órbita desta estrela. O visual aqui já é estonteante e nessa altura já podemos sentir que o trabalho é de arrepiar.




Uma visita ao Deck 4

Ao entrar no Deck 4, o piloto da Galileo (que representa a nossa visão em primeira pessoa através da Enterprise) é saudado pela voz de um oficial lhe dizendo que está seguro, sendo “bem vindo à casa". Em seguida o tour segue pelo Deck 4, que é a Cargo Bay, ou seja o amplo e bem iluminado deck de cargas. Podemos avistar elevadores de carga, estações de transporte e naves auxiliares de diversos tipos.




Hora de subir

Após a vistoria pelo Deck 4 nosso tour segue pelo Deck 3. Chama a atenção que a subida se dá através de escadas, não sendo utilizado o turbolift em nenhum momento. A primeira parada no Deck 3 é no "Crew Lonuge", um espaço de descanso e convívio, muito bem decorado e agradável, com mesas e cadeiras confortáveis. Possivelmente este espaço é mais frequentado pelos oficiais responsáveis pelo Deck 4, pois enormes janelas dão vista para a "Cargo Bay", sendo possível acompanhar a movimentação das naves auxiliares pelo deck inferior enquanto se relaxa ao som de uma suave música ambiente.





Chegando ao Deck 2

No Deck 2 caminhamos pelos amplos corredores da Enterprise-D e visitamos um "Escape Pod" com seis lugares. Continuando com nossa caminhada pelo Deck 2, passamos por diversos alojamentos, contudo sem entrarmos em nenhum. Antes de subirmos ao Deck 1, damos uma passadinha no "Two Forward", o pequeno bar do Deck 2. É bem menor que o "Ten Forward", administrado pro Guinan, no Deck 10, mas agradável da mesma forma, com jazz tocando ao fundo e também xadrez tridimensional à disposição para quem quiser relaxar jogando um pouco. Sem falarmos da ótima vista para o espaço. Após isso, ainda visitamos mais dois “lounges” neste mesmo deck. Realmente os engenherios responsáveis por desenhar a Enterprise-D prezaram pela qualidade de vida dos seus tripulantes e passageiros.







Chegando ao Deck 1

Antes de acessarmos da ponte, passamos pela bem conhecida sala de reuniões, onde tantas e importantes decisões foram tomadas por Picard e seus oficiais. Em seguida, subimos (dessa vez através de rampas e não de escadas) até a Ponte. No corredor de acesso há um painel com várias reproduções das Enterprises anteriores. Decoradores tem um papel importante no século 24.






Finalmente: a Ponte

Ao entrarmos na Ponte imediatamente nos sentimos em casa, com todos aqueles ruídos característicos dos sistemas em pleno funcionamento. Ouvimos uma voz conhecida falar: “Captain Jean-Luc Picard, Federation starship Enterprise”. Aliás, ouviremos ao longo da visitação à Ponte as vozes de todos os principais oficiais. Estamos, de fato, na Ponte da Enterprise-D! A reconstituição dos detalhes é impressionante. Em seguida realizamos um visita inusitada: o banheiro da Ponte. O artista foi muito espirituoso e fez uma referência ao horroroso filme “O Demolidor”, com Sylvester Stalonne, ao colocar ao lado do vaso sanitário as famigeradas e misteriosas três conchas… Para terminar a visita, entramos na “Ready Room” de Picard, retratada com todos os detalhes. Inclusive com o Kurlan naiskos, artefato arqueológico presenteado a Picard pelo seu ex-professor Richard Gaelen (The Chase, 6x20), servindo de objeto decorativo.







                           

E assim chegamos ao término desta breve visita à USS Enterprise NCC-1701-D. Se já foi possível perder o fôlego com esta pequena amostra,  imaginem quando novos decks (a engenharia, por favor!) estiverem prontos e - oh meu Deus!- quando o projeto estiver concluído, com a Enterprise inteirinha à disposição dos trekkers. Com o nível de realismo dessa reconstituição virtual, que é magnífico, sem dúvida esta será uma Enterprise pra chamar de sua. Engage!





Publicado originalmente em: http://star-trek-brasil.webnode.com/news/enterprise-d-construction-project-uma-enterprise-pra-chamar-de-sua/

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Star Trek Renegades: o sacrifício não honrou

por Edoo Trekker


A premissa de Star Trek Renegades é interessante: uma grave ameaça ao fornecimento de cristais de Dilithium à Federação expõe o que parece ser uma conspiração envolvendo seu alto comando. Até aí tudo bem, afinal é completamente verossímil o fato de que qualquer organização - mesmo aquelas da evoluída sociedade do século 24 do universo de Star Trek -  possam conter elementos que destoem do restante do grupo. Por sinal, já vimos isso em Star Trek Into Darkness, quando o militarista Almirante Marcus conspirou no sentido de provocar a guerra total contra os klingons, a despeito do caráter pacífico da Federação.

O filme, dirigido por Tim Russ (Voyager), que também volta a interpretar Tuvok, nos apresenta a formação de um grupo de “renegados”, dez anos após o retorno da nave Voyager ao quadrante alfa. O objetivo do grupo será enfrentar o terrível Borrada - uma mistura de Khan, Shinzon e Nero -, líder do planeta Syphon, que vem destruindo planetas inteiros, coincidentemente grandes fornecedores de Dilithium. De mãos atadas, devido a impossibilidade de atacar diretamente Borrada em seu planeta, por conta da Primeira Diretriz, o almirante Pavel Chekov (Walter Koenig), agora com 143 anos, pede ajuda a Tuvok (Tim Russ), responsável pela Seção 31, para a organização de um grupo de mercenários que possa salvar a Federação desta ameaça.

E é justamente por aí que Star Trek Renegades começa a resvalar, jogando na lata do lixo os ideais de Gene Roddenberry presentes quando este, há quase 50 anos, criou a franquia.

Nesta produção atual, investe-se na violência e nas batalhas espaciais, em detrimento dos diálogos inspirados e inspiradores, construídos sobre a diplomacia e sobre o lema “pesquisar novas vidas, novas civilizações”, que caracterizaram Star Trek por tantos anos. Star Trek Renegades é um filme feito para uma geração que mais valoriza as imagens do que as falas; que prefere a violência gratuita aos aborrecidos ideais humanistas, que sempre nortearam Jornada nas Estrelas. É notória a opção pela ação, deixando-se a ficção científica de lado.



No entanto, estes são apenas alguns dos aspectos negativos de Star Trek Renegades.

Muitas cenas são extremamente prosaicas, revelando problemas de roteiro e de direção. A cena na qual Lexxa (Adrienne Wilkinson), após ser resgatada de uma prisão por Tuvok, retoma o controle da nave Icarus  a fim de liderar o grupo dos renegados, é patética. Ao invadir a nave, simplesmente vaporiza o capitão usurpador, senta-se em sua cadeira e diz: “Mais alguém se opõe que eu comande minha nave de novo?”. Ao que Ragnar (uma espécie de Hans Solo) responde: “Muito bom tê-la de volta!”. Tudo muito simples e sem o menor dilema em relação ao extermínio de vidas. Apesar de Lexxa afirmar que não é parecida com o seu pai (é filha de Khan Noonien Singh!), estes são os novos heróis, nem um pouco éticos, de Star Trek. Porém, há um acerto na construção da personagem Lexxa: o uso do poema vitoriano "Invictus", de William Ernest Henley, que tem a função (um pouco didática demais) de apresentar  ao público o seu perfil.

Outro problema do filme é carregar as tintas no sentimentalismo, como fica evidente nas cenas que mostram o relacionamento do Almirante Chekov e sua tataraneta. A cena na qual é descoberta uma nano-bomba implantada em sua mão, havendo a necessidade de decepá-la com um phaser, ganharia qualquer prêmio na categoria “melhor cena piegas”, devido ao abusivo uso do slow, que por sinal já havia sido usado equivocadamente em cena de Lexxa, fazendo-a parecer uma supermodel desfilando.

Mas nem tudo são horrores.

Um dos pontos positivos de Star Trek Renegades é apresentar, embora de maneira superficial, os conflitos entre as diferentes raças: bajorianos, cardassianos, betazóides e borgs desassimilados nos convidam a uma reflexão (dentro dos limites de Renegades, obviamente) sobre as relações de alteridade, sobre o convívio com o outro.

Positivamente surpreendente também, é o fato do filme possuir uma personagem LGBT, a hacker andoriana Shree, interpretada por Courtney Peldon - contudo é uma personagem muito sexualizada e, nesse sentido, ajuda a reforçar estereótipos. Igualmente interessante é a participação de diversos medalhões de Star Trek, como Walter Koenig, Tim Russ e Robert Picardo, dentre outros, além da atriz Sean Young, de Blade Runner, que, contudo, não conseguem salvar a produção.

Respeito muito toda produção relativa à Jornada nas Estrelas, sobretudo as que não se tratam de produções oficiais dos grandes estúdios. Star Trek Renegades demonstra muita boa vontade por parte dos realizadores em fazer algo bem feito. Porém, existem muitos problemas, que descaracterizam a produção como uma produção que leva o nome de Star Trek. Espero que a ideia do filme - que também é o piloto de uma nova série - não seja comprada pela CBS. Não seria nem um pouco interessante o retorno de Star Trek à televisão com uma história tão pobre.

O vilão Borrada, antes de matar seus inimigos, sempre diz "seu sacrifício o honrará". Infelizmente, com Star Trek Renegades o sacrifício não honrou o legado da franquia.




Publicado originalmente em: http://star-trek-brasil.webnode.com/news/star-trek-renegades-o-sacrificio-nao-honrou/

sábado, 12 de setembro de 2015

Uma missão de quase 50 anos

por Edoo Trekker



“Espaço: a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar Enterprise. Em sua missão de cinco anos... para explorar novos mundos... para pesquisar novas vidas... novas civilizações... audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve.”

Raras são as pessoas que não reconhecem estas palavras, religiosamente repetidas a cada abertura da série original de Jornada nas Estrelas (EUA, 1966). O seriado, que no último dia 8 de setembro completou 49 anos, arrebata até hoje corações e mentes de aficcionados pelo gênero ficção científica em todo o mundo.

Star Trek, ou Jornada nas Estrelas na versão brasileira, é um fenômeno cultural de quase cinco décadas que continua mais vivo do que nunca. Basta lembrarmos da verdadeira comoção que se instalou nas redes sociais em fevereiro deste ano quando faleceu o ator Leonard Nimoy, intérprete do Sr. Spock.

O gesto característico do personagem, com a mão levantada e os dedos separados, formando um “V”, ao desejar “vida longa e próspera”, é tão conhecido quanto a frase inicial deste texto. Aliás, este gesto tem origem na letra hebraica Shin e Nimoy, que era judeu, gostava de contar que havia visto, durante a infância, um rabino fazendo-o, decidindo anos depois incorporá-lo ao seu personagem, talvez o mais querido pelos trekkers (fãs de Jornadas nas Estrelas) até hoje.

A missão original da Enterprise, prevista para durar cinco anos (e que durou apenas três, devido ao cancelamento da série no ano de 1968) chegou ao século 21 e mantém seu legado em cinco séries derivadas e em doze longas metragens, com o 13º filme sendo realizado neste momento e com estreia prevista para 2016, na ocasião que a franquia comemorá seus 50 anos.  Tudo isto e mais as incontáveis produções realizadas por fãs, muitas delas com qualidade profissional e com histórias que merecem espaço no cânone das melhores já contadas por Jornada nas Estrelas.

E por que a razão de tanto sucesso?

Os ideais humanistas de liberdade, igualdade e fraternidade impressos na série por Gene Roddenberry, criador de Jornada nas Estrelas, talvez sejam uma boa explicação. Em plena guerra fria, a Enterprise original era composta por uma tripulação multiétnica, com homens e mulheres em condições de igualdade nas posições de comando. Na década de 60 os direitos dos negros nos Estados Unidos não eram garantidos e Jornada nas Estrelas foi o primeiro programa de TV a transmitir um beijo interracial, entre o Capitão Kirk (William Shatner) e a Tenente Uhura (Nichelle Nichols). Aliás, Nichols, quando decidiu deixar o seriado, foi convencida por Martin Luther King em pessoa a prosseguir e continuar sendo uma inspiração para a juventude negra norte-americana.

E funcionou, pois uma menina que assistia aquele seriado espacial e comentava com sua mãe ter visto uma atriz negra que não fazia um papel de empregada acabou, duas décadas depois, interpretando a personagem Guinan em Jornada nas Estrelas: A Nova Geração.

Seu nome? Whoopi Goldberg.


Publicado originalmente em: http://star-trek-brasil.webnode.com/news/uma-missao-de-quase-50-anos/

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Um mosaico para entrar na história

por Edoo Trekker

No último mês de agosto, quando se completou seis meses da morte de Leonard Nimoy, os trekkers tiveram uma grata surpresa vinda de William Shatner. 

No primeiro dia daquele mês, Shatner, que neste momento está escrevendo uma biografia de Nimoy, tuitou um pedido de ajuda a todos os trekkers: que cada um enviasse uma selfie fazendo a saudação vulcana. Ou na expressão que ele usou: “doing the LLAP sign”.

Shatner não deu mais detalhes do que pretendia, apenas informou uma conta de e-mail para onde as fotos deveriam ser enviadas. Contudo, já era possível perceber de que se trataria de um tributo ao seu companheiro de jornada de cinco décadas. 


Durante a semana seguinte a curiosidade foi geral, pois não havia nenhuma informação sobre como as selfies seriam utilizadas. Enquanto isto, o pedido de ajuda de Shatner já havia sido retuitado mais de 3 mil vezes. 

Somente no dia 9 de agosto é que Shatner voltou ao twitter e informou finalmente o uso que fez das fotos: um mosaico, composto por mais de 6 mil fotografias de trekkers do mundo todo “fazendo o LLAP” e formando a clássica imagem de Spock durante a saudação vulcana. 

Uau!

Foi algo absolutamente emocionante. Sobretudo para aqueles que enviaram suas selfies e agora estavam curiosos para se verem no mosaico. Mas aí havia um pequeno problema: Shatner não postou o resultado final em HD, não sendo possível desta forma que cada um dos “colaboradores” pudesse se localizar no mosaico. Não demorou muito e todos que seguem Shatner no twitter - e que haviam enviados suas selfies - começaram a pedir pela versão em HD. Shatner desconversou e não deu maiores informações se esta seria uma possibilidade concreta. 

Eis que alguns dias depois, mais precisamente em 14 de agosto, um sábado, Shatner novamente tuíta uma boa notícia: o mosaico teria uma versão impressa, na qual todos poderiam se localizar, a ser publicada pelo jornal The Guardian em sua edição dominical. 


Uau! De novo, felicidade geral em todos os quadrantes da galáxia! 

Mas ainda havia um problema: e os trekkers das outras partes do mundo, como poderiam conseguir um exemplar do jornal, que é publicado no Reino Unido?
    
Shatner apresentou uma solução: procurar um amigo inglês e o convencer a enviar um exemplar do jornal. Para isso sugeriu que se usasse a hashtag #LLAPGuardian. A movimentação no twitter e no facebook foi imediata. 


Nesse momento enviei um tuíte para Shatner, dizendo que eu estava no Brasil e gostaria de conseguir um exemplar. E ele RETUITOU! Foi incrível ter um retorno do idolo que eu assistia nos finais de tarde dos anos 90 na Sessão Espacial da extinta TV Manchete. Simplesmente incrível.

Muitos trekkers britânicos foram solícitos e ofereceram comprar alguns exemplares do jornal no dia seguinte e providenciar o envio. Eu mesmo fiz contato com um trekker muito gente boa, chamado Mart, que me enviou um exemplar no dia 19 de agosto, mas que não chegou até agora. Espero que os Correios não o tenham extraviado…


De qualquer forma, muitas pessoas não conseguiram um exemplar. Então outra movimentação foi iniciada no twitter: aqueles que estivessem com o jornal em mãos poderiam fotografá-lo, a fim de que os trekkers participantes do tributo pudessem localizar suas fotos. 
    
E foi assim que consegui me encontrar, graças a um casal simpático de ingleses que fotografou o mosaico em 15 partes e postou no Google Photos.


A ideia de William Shatner foi maravilhosa. Ao realizar este mosaico com fotos de milhares de trekkers anônimos do mundo inteiro ele deu a oportunidade para que estas pessoas, que amam Star Trek, pudessem participar da sua história. Daqui a muitas décadas, quando as novas gerações de trekkers estiverem comentando este mosaico em homenagem a Leonard Nimoy, nós também estaremos lá, representados por nossas fotos, ainda demonstrando nosso amor por Jornada nas Estrelas. 

Enfim, um mosaico para entrar na história e para colocar na história de Star Trek muitos de seus fãs.