domingo, 6 de março de 2016

Eu, trekker: 25 anos de amor por Jornada nas Estrelas

Anotações de um menino trekker
Há 25 anos, quando eu descobri Jornada nas Estrelas (na época era assim que se falava por aqui, raramente alguém chamava de Star Trek) existiam somente a série original e TNG, e esta ainda estava nas suas primeiras temporadas. Sim, havia a série animada também, mas esta eu viria a conhecer somente alguns anos depois. No cinema, a franquia havia produzido cinco filmes, o sexto estava sendo lançado naquele ano. 

O mundo era um lugar diferente. O Muro de Berlim havia caído há dois anos apenas. Telefones celulares eram itens de ficção científica. Da mesma forma que computadores pessoais ou smartphones. Uma rede social era algo com um sentido completamente diverso do atual. E grande parte dos atuais fãs de Star Trek sequer tinha nascido.

Tudo começou quando a TV Manchete, através de sua afiliada no Rio Grande do Sul, a TV Pampa, passou a transmitir um programa chamado Sessão Espacial. Nas terças e nas quintas eram passados Buck Rogers e Galactica. Portanto, nos outros três dias da semana é que assistíamos embevecidos a versão dublada de Jornada nas Estrelas.

Álbum de figurinhas
Foi amor à primeira vista. Eu era apenas um guri, que sonhava com a conquista do espaço. Star Trek me permitia explorar a galáxia a bordo da USS Enterprise, ao lado de uma tripulação tão intrépida quanto fascinante. A amizade entre Kirk, Spock e McCoy era inspiradora e me fazia acreditar no valor de se ter amigos. Aprendi que a igualdade era um valor fundamental. Em um mundo recém-saído da guerra fria e começando a perder o medo da destruição atômica provocada por EUA e URSS, víamos um russo fazendo parte da tripulação. Havia uma mulher negra em posição de comando. Se hoje ainda mulheres e negros enfrentam o preconceito, no início dos anos 90 isso ainda era pior. Star Trek me educou nesse sentido.  Minha história é a mesma de milhões e milhões de garotas e garotos, que logo cedo, foram irremediavelmente arrebatados pelos encantos de Star Trek.

Obviamente, as aventuras pela galáxia também me fascinavam. Segundas, quartas e sextas, lá estava eu, 18 horas em ponto, sentado em frente à TV, audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve. Depois, aos sábados, surgiu a Nova Geração. Uma outra paixão, que se tornaria ainda maior que a paixão por TOS, começava a se desenhar. O seguro, austero e culto capitão Picard era um modelo a ser seguido. Desta vez, os velhos inimigos klingons estavam presentes na ponte da Enterprise, confirmando que o preconceito não foi feito para Jornada nas Estrelas. Se até os inimigos klingons podiam se tornar amigos, este era um sinal de que a humanidade ainda tinha jeito e poderia conciliar, algum dia, suas diferenças. Fui descobrindo todas essas coisas com Star Trek.

Recortes de jornal
Passei a colecionar recortes de jornal e revista sobre Jornada. A Abril lançou em 1991 uma coleção de HQ's, as quais guardo até hoje dentro da pasta que comprei na época para guardar os recortes e minhas anotações sobre a série. O sexto filme estava sendo lançado naquele ano, as notícias estavam chegando. Colecionei um álbum de figurinhas da Nova Geração, lançado pela Abril também.

"The Undiscovered Country" foi o primeiro filme da franquia que assisti no cinema, junto com meu melhor amigo da infância. Ambos improvisamos em casa mesmo, com ajuda de nossas mães, uniformes da Frota e fomos felizes da vida ao cinema em uma noite de abril de 1992, onde conhecemos na fila outras pessoas, mais velhas que nós, que amavam da mesma forma Jornada nas Estrelas.  Lembro até hoje quando a plateia inteira caiu na gargalhada quando Spock diz que segundo um velho ditado vulcano só Nixon pode ir à China. Embora eu fosse muito novinho, já era bastante interessado por história, e consegui entender a piada. Quanta felicidade assistir aquele filme na telona. Que noite memorável.

HQ dos anos 90
Em um concurso promovido pelo gibi da Abril, ganhei o pôster do filme. Ainda lembro quando cheguei em casa da escola e lá estava o tubo de papelão com o pôster dentro à minha espera no meu quarto. Momentos únicos e inesquecíveis da vida de um trekker-mirim. Tristemente, o pôster foi extraviado em uma mudança anos mais tarde.

Foi por essa época que ganhei uma tartaruga de estimação. Adivinhem o nome: Spock, é claro. Spock foi minha companheira por muitos anos, até desaparecer um dia. Era uma tartaruga que prezava sua liberdade. Apesar de iniciar uma procura por Spock, nunca mais a encontrei. Pequenas tragédias da vida de um mini-trekker.

A velha pasta: gibis, anotações e recortes
Os anos passaram, fui crescendo, novas séries foram surgindo. TNG acabou, vieram os filmes. Depois tivemos Deep Space Nine, Voyager e Enterprise. Li muitos livros, que foram lançados na década de 90 no Brasil. E o amor por Jornada nas Estrelas só crescia, e ainda cresce, como aquele pequeno trekker também cresceu. 

Mas tem dias que volto a ter 12 anos, e sinto que Kirk, Spock e McCoy são meus melhores amigos novamente. Vida longa e próspera a Star Trek! Que os meus 25 anos como trekker se tornem mais 25, quem sabe mais 25 ainda depois. 



4 comentários:

  1. Parece muito com a minha vida: via Star Trek TOS e TNG, Buck Rogers e Galactica na Manchete!! Tinha umas folhas de caderno que anotava a data de exibição, data estelar e o nome do episódio. Anotava nome dos atores, personagens, naves, etc.
    Tenho estas revistas dos anos 90 da Editora Abril (não tão conservadas), recortes de jornais, revistas!!!

    Parabéns pela matéria!!

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    1. Valeu! Fiquei feliz em saber que não era o único a fazer essas coisas lá nos distantes anos 90.

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  2. Tenho cortes de jornal da mesma época e todas revistas dessa coleção que inclusive tinha TNG.

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  3. Tinha os mesmo recortes, e tenho todas essas revistas, que infelizmente duraram pouco tempo.Em 92 quando saiu jornada 6 aqui no brasil eu tinha 14 anos, época boa

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