Sem nenhum exagero: Star Trek: Discovery tem o melhor "piloto" de toda a história da franquia. Uma grande história que começa de maneira cativante e empolgante. O público não sente o tempo passar, e quando vê o episódio já terminou. Queremos mais! E tudo isso embalado em efeitos especiais e atuações maravilhosas. Discovery fez jus a todo hype.
Duas personagens femininas fortes dão o tom da série em seus primeiros passos. O futuro também é das mulheres. Os klingons, os "vilões" mais interessantes que Jornada nas Estrelas criou, são abordados de maneira inteligentíssima, explorando-se todo seu potencial. Possuem profundidade e camadas sobre camadas. Assim, mergulhamos na perspectiva do "outro". Já vai longe o tempo dos personagens unidimensionais. E isto também serve para os "herois" da Federação: Michael Burnham, a Número Um, comprova isto a cada linha de suas falas. O mundo não é mais preto no branco, o conhecimento é relacional.
Aliás, desde que Star Trek esteve na TV pela última vez não somente o mundo mudou muito - e de maneira acelerada - mas igualmente as formas de se contar histórias também foram aprimoradas. Discovery absorve estes novos estilos narrativos - um novo padrão de qualidade estabelecido por séries como Breaking Bad e Game of Thrones - e entrega ao público um entretenimento capaz de celebrar o legado de 5 décadas de Jornada, por um lado, e por outro ampliar o escopo da audiência, funcionando também para os não iniciados. Muitos reclamarão. Haverá choro e ranger de dentes. Mas estes são os conservadores, os fundamentalistas, aqueles que se apegam ao rigor formalista. Eis que o novo chegou. Discovery é o novo Star Trek, em amplo sentido. E isto é uma coisa muito boa.
O piloto, que não é um piloto, mas uma espécie de prequel, que nos mostra as origens de Michael Burnham e da guerra com os klingons, tem qualidade de cinema e desde já faz história, ao reviver Star Trek com grande paixão.
Sim, os tempos mudaram, o mundo mudou. Star Trek, como sempre, acompanha as mudanças de sua época, e conta um pouco do nosso presente através de histórias que se passam no futuro.
Vida longa e próspera a Discovery.