sábado, 26 de março de 2016

Os lançamentos de Star Trek IV: The Voyage Home e Star Trek: First Contact vistos pela imprensa brasileira

O texto abaixo foi publicado originalmente na edição n. 26 da Tribuna Quark, de março de 2016.

Estamos em 2016, e neste ano, Star Trek IV: The Voyage Home (ST-IV) e Star Trek: First Contact (ST-FC) completam datas “redondas”. O primeiro, de 1986, completa 30 anos. ST-FC, de 1996, chega aos 20. Coincidentemente, ambos retratam tripulações de diferentes Enterprises voltando ao passado da Terra. Voltaremos ao passado aqui também, lançando um olhar sobre como a imprensa brasileira retratou o lançamento destes dois filmes.

ST-IV dirigido por Leonard Nimoy, foi o filme comemorativo dos 20 anos de Jornada nas Estrelas. Em 11/09/1986 o Estadão noticiava sobre uma festa que a Paramount havia dado alguns dias antes - durante as filmagens de ST-IV - para comemorar as duas décadas da franquia. A notícia também já informava sobre os planos para uma nova série com "atores mais jovens" - de fato TNG foi lançada em 1987 - e o longa a ser dirigido por Shatner, a ser lançado em 1989. 

O jornal O Globo de 04/06/1987, registrava a estreia no Brasil de ST-IV naquele dia (na época os filmes demoravam meses para estrear aqui). O jornal afirmava que o filme seguia a tendência do cinema americano de contar histórias de viagem no tempo (em provável referência a De Volta Para o Futuro) e que se diferenciava dos filmes anteriores por "trilhar os caminhos da comédia-aventura". 

Em SP o filme estreara um mês antes do RJ, segundo a matéria "Risos do espaço" publicada pela revista Veja em 06/05/1987. A crítica foi positiva, enxergando o componente cômico da película como algo que a tornava uma "produção original no gênero". Já em 29/03/1988 o Estadão noticiava o lançamento em vídeo de ST-IV e fazia algumas críticas, ponderando que. se esse não era o melhor filme da série, pelo menos era o de maior faturamento até então.

Dez anos depois de ST-IV era lançado o segundo filme de TNG. Dirigido por Jonathan Frakes, ST-FC teve uma boa cobertura pelos segundos cadernos da imprensa brasileira. Em 21/02/1997 - lançamento do filme no Brasil - o Estadão publicou três matérias tratando da produção. Sob o título "Enterprise evita o extermínio da humanidade" o jornal considerava a "autorreferência" como um dos pontos fracos do filme, criticando igualmente a trama por sua “simplicidade”. Caracteriza-se a série como "uma forma alternativa de religião" e que o filme fora feito somente para os iniciados da "seita". 

Na mesma edição, sai uma entrevista com Patrick Stewart, onde este revela esta "ciente pela primeira vez na carreira da fusão ator/personagem" ao comentar sua forte identificação com o capitão Jean-Luc Picard, algo que lhe deixa "imensamente orgulhoso". Stewart revela ainda que a roupa usada na cena da caminhada espacial fora da nave foi a mais desconfortável que usou em toda sua carreira, sendo este um grande desafio.

Ainda no Estadão, há uma entrevista com James Cromwell (Zefran Cochrane), que informa nunca ter assistido nenhum episódio de Star Trek. Refletindo sobre o filme, Cromwell diz que o futuro otimista de Jornada nas Estrelas foi o fator determinante a convencê-lo a estar na produção e que considera os Borgs como uma metáfora do "capitalismo indo para a latrina". 

Por sua vez, O Globo tem opinião diferente do Estadão: para O Globo ST-FC é um filme que não agrada somente aos trekkers, mas também a um público mais amplo. Na matéria de 21/02/1997 intitulada "Série de vida longa e próspera", o jornal comenta o lançamento do filme, opinando que desde A Ira de Khan nenhum filme da franquia fora tão ligado à série de TV que lhe deu origem. Além disso, a matéria lembra que o filme traz elementos de Deep Space Nine (a nave Defiant) e de Voyager (o Doutor). Traz ainda a informação sobre problemas nas legendas "que trocaram a dobra espacial por 'dobraduras' e phasers em 'faseadores'.

Por fim, em 23/03/1997 O Globo publica matéria intitulada "Vida longa e próspera para o capitão Picard", onde entrevista o ator Patrick Stewart. Na entrevista, Stewart avalia que com os filmes a série teve a chance de conquistar um novo público.

Como visto, a imprensa brasileira, embora retrate Star Trek em suas páginas, muitas vezes revela desconhecimento a respeito do tema, tecendo comentários jocosos e realizando críticas que, recheadas de preconceitos e estereotipações contra a franquia, não passam de puro “achismo”. 

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