sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

J.J. Abrams admite erros em Star Trek: Into Darkness

Em meio a todo hype de Star Wars - O despertar da Força, J. J. Abrams concedeu longa entrevista ao Buzzfeed na qual também abordou seu trabalho frente aos novos filmes de Star Trek. Abrams fez um mea culpa e admitiu alguns de seus erros, sobretudo no filme Into Darkness.

No momento em que começamos a filmar, e isto foi literalmente bem no início das filmagens, havia certas coisas com as quais eu estava inseguro. Qualquer filme, qualquer história, tem um diálogo fundamental acontecendo durante a mesma. Há um argumento fundamental; há uma questão central. E eu não tinha isto.

O filme de 2009, segundo Abrams, tinha uma história muito forte "sobre dois órfãos que, estando em completo desacordo, precisam trabalhar juntos para sobreviver". Já no segundo filme, de 2013, isto não aconteceu. Kirk e Spock permaneceram como os personagens centrais do filme, mas Abrams, reconhecendo os problemas de Into Darkness pergunta: 

Qual a questão que se coloca? Qual foi a dinâmica? Qual o problema entre eles? 

Exercitando um pouco de autocrítica, ele mesmo responde: "Nada disso ficou muito claro".

Houve também a questão de Khan, e Abrams considera ter sido incorreta a tentativa de enganar os fãs ao dizer que Cumberbatch estava interpretando um personagem de nome John Harrison, o que é verdade, mas uma meia verdade.

Abrams ri nesse ponto da entrevista e diz: 

No final, enquanto eu concordava com Damon Lindelof que reter a informação sobre Khan acabou parecendo que estávamos mentindo para as pessoas, eu estava tentando preservar a diversão do público.

Abrams revela que refilmou algumas cenas e sentiu que isso "ajudou um pouco aqui e ali", mas que de qualquer forma os problemas do filme estavam na trama. O diretor não culpa ninguém além de si mesmo por isso. 

Eu senti como, de uma maneira estranha, o filme se tornou uma coleção de cenas que foram escritas pelos meus amigos - brilhantes e talentosos escritores - que eu, de certa forma, enganara na tentativa de fazer determinadas coisas. E ainda, eu me encontrei frustrado pelas minhas escolhas e incapaz de acreditar em um segmento inegável da história principal.

Abrams conclui:

Eu nunca diria que acho que o filme não funcionou. Mas eu sinto que não funcionou tão bem quanto poderia se eu tivesse tomado algumas decisões melhores antes de começarmos a filmar.

Dois anos e meio após o lançamento de Star Trek: Into Darkness - certamente o filme mais contestado da fase JJ - seu diretor, com sinceridade surpreendente, assume erros cometidos na produção. Como se pode perceber nas falas de Abrams, o principal erro esteve na falta de planejamento da história. Algo que parece ter acontecido com Star Trek Beyond também, conforme todas as notícias que temos recebido desde que Simon Pegg foi escalado para escrever o roteiro. 

4 comentários:

  1. Admirável sinceridade.
    Ainda assim, apesar de nós (velhos trekkers nascidos nos anos 50), o filme foi excelente e atraiu gente que nunca tinha ouvido falar de Star Trek. O maior mérito de JJ foi o que manter viva a franquia, para que não aconteça o mesmo que aconteceu com outras séries memoráveis dos anos 60: cair no esquecimento e só existir na saudade de nós, velhos.
    Trekker que é trekker gosta de TODAS as séries, de TODOS os filmes, incluso os de JJ.
    Parabéns pelo artigo.
    VL&P

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    1. Concordo contigo. Se não tivesse existido esse "reboot" Star Trek teria caído no completo ostracismo. Mesmo que por caminhos tortuosos isso manteve a franquia viva.

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  2. Trekker que é trekker tem que gostar de filmes sem lógica, com roteiros falhos? Que fazem o Spock Prime ver a destruição de Vulcano em Delta Vega e o Spock novo mandar o Capitão Kirk para morrer em Delta Vega? Que vão congelar um vulcão com uma "bomba de fusão a frio"? Sinto muito, mas estou longe de concordar. Não desgosto inteiramente dos filmes novos, mas eles são mais para Star Wars do que para Star Trek, na minha opinião.

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    1. Óbvio que não. Eu não gosto nem um pouco da série Enterprise, por exemplo. Nem concordar com tudo que os personagens fazem, como alguns fundamentalistas costumam fazer. Escrevi um post sobre o episódio Tuvix questionando se Janeway teria tomado uma decisão errada e uma pessoa comentou: "Não, ela sempre toma a decisão correta". Fanatismo acrítico.

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